Qual é o melhor caminho para se chegar ao net zero até 2050?
Alcançar o objetivo de emissões líquidas zero até 2050 requer uma abordagem equilibrada no aumento da capacidade de energia renovável até 2030, de acordo com um novo relatório da BNEF (BloombergNEF), intitulado "Triplicar energias renováveis no mundo até 2030: difícil, rápido e realizável". A meta central do relatório é triplicar a capacidade global de energia renovável, atingindo aproximadamente 11 TW, a ser discutida na próxima conferência climática da COP 28, agendada para novembro e dezembro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Embora a energia solar seja uma peça-chave nesse cenário, o estudo destaca que depender exclusivamente dela não será suficiente para atingir a quantidade necessária de energia limpa. A diversificação do portfólio de fontes renováveis é apontada como mais eficaz para descarbonizar o mix energético global, devido aos perfis de geração complementares entre essas fontes.
O relatório destaca que uma triplicação da capacidade global de energias renováveis é consistente com a trajetória para atingir emissões líquidas zero até 2050, contribuindo com 62% da redução total das emissões até 2030. Alcançar esse objetivo exigirá uma aceleração significativa dos investimentos, com a necessidade de duplicar a taxa de investimento em energia renovável para uma média de US$ 1,17 trilhão por ano entre 2023 e 2030, em comparação com os US$ 564 bilhões em 2022.
O relatório destaca ainda que o aumento da capacidade renovável implicará em um investimento três vezes maior na rede elétrica, atingindo US$ 777 bilhões em 2030. Além disso, será necessário implantar 720 GW de capacidade de armazenamento com baterias até 2030, representando um aumento significativo em relação aos números de 2022.
Um ponto importante ressaltado é que as contribuições para esse esforço serão diferenciadas por região. Países como China, EUA e Europa têm como meta a triplicação, enquanto regiões com menor base renovável, como Sul e Sudeste Asiático, Oriente Médio e África, exigirão um aumento ainda maior na capacidade. Já países como o Brasil, com uma parcela significativa de energia proveniente de fontes renováveis, poderão concentrar esforços na descarbonização de setores como indústria, edifícios, transporte e agricultura, além de abordar as últimas porções de emissões no setor elétrico ainda dependentes de fontes fósseis.